Qualquer ação por parte da mídia ou sobre a mídia, aqui no Brasil é logo taxado por censura, claro que o fato de termos experimentado os 20 anos de ditadura já deixa o nosso subconsciente condicionado a raciocinar assim, mas até que ponto o caso do jornalista Felipe Milanez pode ser caracterizado dessa maneira.
Para o Sindicato dos jornalistas de São Paulo a demissão de Milanez pela Editora Abril após suas declarações feitas no twitter, foi no mínimo “Arbitrária” e poderíamos dizer até hipócrita.
A revista Veja foi criada na efervescência da ditadura militar em 68 e de lá pra cá a “Abril” se orgulha em manter erguidas as bandeiras da liberdade de expressão e de impressa através do periódico, mesmo assim a empresa de comunicação penalizou um de seus colaboradores pelas opiniões particulares postadas no “micro-blog”.
A liberdade de expressar suas insatisfações é um princípio constitucional defendido nos Estados democráticos e admitido como a base que sustenta este regime, no entanto o caso da Abril não foi a primeira agressão a esse direito, afinal quantos lembram da extradição do jornalista Larry Rohter que havia publicado algumas informações sobre o excelentíssimo presidente? A Editora da “Veja” só repetia a ação, que cá pra nós, havia dado ampla cobertura e criticado na época.
Por outro lado, talvez até contraditório, tendo em vista as “leis” de mercado, eticamente, se estamos ligados a um empresa através de contrato firmado é até lógico que deveríamos prestar o mínimo de respeito a esta instituição. Afinal, ao Milanez criticar a produção da Revista Veja, estava criticando publicamente a produção de seus colegas de trabalho, uma atitude que rompe com as expectativas de bom convívio no local de trabalho.
Pela proximidade que o editor na National Geografic tinha na Abril, teoricamente ele poderia expressa esta opinião internamente, propondo alterações no ângulo dado a matéria, causando ao invés de sua demissão uma pequena mudança na linha editorial do periódico.
O período de Cesura já deveria ter nos ensinado, principalmente aos jornalistas, que o problema não é o QUE se diz, mas, COMO, QUANDO e ONDE se diz.